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Não é raro encontrarmos um lar em que tenham ou já tiveram como animal de estimação um coelho ou qualquer tipo de roedor. Por serem animais diferentes e que chamam a atenção das crianças e até mesmo dos adultos, a cada dia tem se tornado mais popular na criação doméstica e mais comum na clínica médica veterinária.

Um grande detalhe que a maioria dos criadores esquece é como alimentá-los de forma correta e balanceada. O comerciante na hora da venda não informa ao novo proprietário quais são as necessidades nutricionais adequadas do animal. Os animais de companhia dependem integralmente dos alimentos que lhes são fornecidos pelos donos.

Com isso, caso não haja o devido manejo nutricional, futuramente poderá ocasionar sérios problemas de saúde.

Coelhos (Ordem Lagomorfa) e roedores como porquinhos-da-índia, chinchilas, hamsters, gerbil e mercol (Ordem Rodentia), possuem dentes em que ambas as espécies crescem em rápido ritmo por toda a vida do animal. Como exemplo os dentes do coelho podem crescer 10 a 12 cm/ano e os da chinchila crescem em média 06 cm/ano. Assim, há a necessidade de alimentos mais fibrosos e abrasivos (vegetais ricos em sílica, capim, feno, ração extrusada e algumas sementes).

Com isso, haverá o atrito do alimento com os dentes e consequentemente ocorrerá o desgaste natural deles, juntamente com o auxilio de osso de siba disponível na gaiola. Caso isso não ocorra, haverá a má oclusão dentária com o crescimento excessivo dos incisivos e/ou molares resultando na dificuldade em comer e beber água, consequentemente haverá o emagrecimento progressivo e provável morte.

A alternativa para solucionar o problema será a intervenção do médico veterinário especialista em Pets não convencionais, para correção através do desgaste com o auxílio de aparelhos odontológicos específicos, e nunca devem ser cortados com alicates por leigos. O uso incorreto dos alicates pode expor a polpa do dente, fatalmente podendo infeccionar e necrosar, gerando graves consequências ao animal, como infecções e até mesmo óbito

Foto 1 – Má oclusão dentária coelho – Foto Dr. Pedro HACS

Os coelhos são herbívoros onde na natureza se alimentam desde folhagens suculentas, capins, grama e botões de flores, até materiais mais duros como casca de árvores. A alimentação ideal do animal deve ser à base de grande quantidade de grama, capim (pangola, Jaraguá, elefante, colonião e braquiárias), rami, confrei e folhagem verde (folhas de bananeira, amendoeira, laranjeira, romãzeira).

Outros vegetais que podem ser oferecidos são repolhos, couve, salsa, cheiro verde, chicória folhas de mostarda, manjericão e acelga. Alguns itens alimentares são ricos em fibras e que podem ser oferecidos diariamente em quantidades menores são: pêra, pêssego, maçã, pimentão vermelho ou verde, manga, mamão, abacaxi e vagem (sem sementes).

Alimentos expressamente proibidos são chocolates, doces, bolachas, batatas cruas, tomates, pães e massas, carnes, alface e embutidos etc.
Enquanto em relação às rações peletizadas oferecidas devem ser específicas para coelhos, porém em pouca percentagem diária, cerca de 90g a 120g ao dia, dependendo do porte do animal.

Os roedores são onívoros, e predominantemente ativos no período noturno. O manejo nutricional deve ser de acordo com a fisiologia de cada espécie. Respeitando as suas necessidades fisiológicas e nutricionais.
Para o gerbil é adequada uma dieta peletizada ou combinação de aveias, grãos e sementes, desde que a mistura contenha em média 22% de proteína.

Os gerbils preferem as sementes de girassol à ração peletizada. Essas sementes, porém, com alto teor de lipídios e baixo nível de cálcio, não são uma dieta completa. Animais com 2 a 5 semanas de idade apresentam certa dificuldade em abrir sementes de girassol ou roer pellets de ração. Então podemos oferecer alfafa, couve, almeirão, chicória, rúcula, agrião, espinafre com moderação, maçã, banana, uva, morango, mamão, pêra, kiwi, romã, laranja, ameixa, melancia, acerola. Também podemos oferecer cenoura, rabanete, beterraba, abóbora, jiló, pepino, berinjela, etc. Tomar cuidado com todas as frutas cítricas (risco de ulceração nos lábios e mucosa oral). Lembrando que beterraba mancha as fezes de vermelho.

Jamais fornecer plantas que cresçam a partir de um bulbo como exemplo cebolinha, tulipa e etc. Plantas ornamentais como samambaia e algumas flores são prejudiciais.
Chinchilas, assim como animais em crescimento ou fêmeas em acasalamento necessitam de mais calorias e provavelmente altos níveis de cálcio, proteína e gordura do que animais em período não reprodutivo. De maneira geral, uma fórmula aceitável para chinchila constitui-se de pellets próprio para a espécie com 16 a 20% de proteína, 2 a 5% de gordura e 15 a 35% de fibras. Pode-se fornecer também, pequenos pedaços de maçã sem casca, banana e uvas passas, uma ou duas vezes por semana, podendo também ser frutas desidratadas. Fique atento se esses alimentos não provocam diarréia ou constipação intestinal. Quando bem cuidada a chinchila pode viver em média doze anos.

Hamsters consiste em uma dieta peletizada para roedores que contenha 16% de proteína e 4% a 5% de lipídios. Dietas com baixo teor protéico não são adequados para o crescimento e reprodução. As misturas de sementes contêm diversos elementos, tais como: milho, amendoim, trigo, ervilha, aveia, alpiste, semente de girassol e abóbora e outros grãos secos. Algumas também contêm suplementos vitamínicos, frutas secas em pequenas doses, como uvas passas, banana, uva e etc. Os vegetais (cenoura, couve, couve-flor, brócolis e etc.), e as frutas (maçã, uva e outras) constituem uma ótima fonte de fibras, vitaminas e ainda contém uma grande quantidade de água. Tempo de vida varia entre 18 a 24 meses (Foto 02 – Dr. Pedro HACS).

Foto 02 – Ramster Chinês se alimentando corretamente – Foto Dr. Pedro HACS

Porquinhos da índia, a dieta deve ser constituída por rações pellets, feno e suplementos com vegetais verdes. Folhas de espinafres, folhas de chicória e folhas de beterraba, salsa, couve crespa, brócolis, cenoura, pêra, maçã, pepino e rama das cenouras. Mistura de sementes como trigo, aveia e milho. Disponibilizar pequenas porções de alimento durante o dia. Cuidado com repolho, couve e brócolis (eles podem causar gases).  Evitar grandes quantidades de girassol, aveia e amendoim, por serem alimentos bastante calóricos. Eles podem viver 05 a 07 anos ou mais.
De forma alguma alface deverá ser oferecida para estes animais. Laticínios e carnes não fazem parte da dieta. Evite comprar rações e sementes a granel, encontrados em feiras, casas agropecuárias e etc. Pelo fato de estarem expostas e podendo ter contaminações por fungos e bactérias, e contato com insetos e outros tipos de animais como ratos e baratas.

A falta de conhecimento do proprietário e despreparo, faz com que se tenham sérios erros na dieta destes animais, devendo sempre investir em um profissional especializado para melhor recomendar o manejo adequado para seu animal.

Dentre as diversas doenças nutricionais, destacamos hipovitaminose A (gerando doenças oftálmicas e dérmicas), hipovitaminose C (escorbuto, metaplasia óssea e calcificação metastática), hipovitaminose E (distrofia muscular nutricional), deficiência de tiamina, perda de pêlos, deficiência de ácidos graxos, deficiência de ácido pantatênico, doença óssea metabólica, lipidose hepática, dermatites gerada pelo alto consumo de girassol e sementes e deficiência protéica.

Apesar de existirem no mercado rações de baixa qualidade, que não atendem as necessidades básicas das espécies, atualmente tem disponíveis rações Premium e Super Premium, que não contem a presença de fungos, bactéria e carunchos, sendo totalmente balanceadas para o animal, onde são respeitadas as particularidades fisiológicas e necessidades nutricionais de cada espécie.

É importante fornecer suplementação a estes animais como Pedra Mineral, excelente fonte de cálcio e minerais devendo sempre estar disponível na gaiola, principalmente para fêmeas grávidas ou em lactação. Existem complexos de vitaminas para roedores, estes são adicionados na água e podem ser oferecidos com frequência para os animais.

Devem ser realizados periodicamente exames clínicos e parasitológicos, para garantir a saúde do animal e do proprietário (saúde da família). Para garantir o bem estar e saúde, é necessária uma série de medidas, como limpeza diária da gaiola, sendo ela de acordo com cada espécie e de pintura epóxi para evitar possíveis contaminações por chumbo, disposição de brinquedos para distração e desgaste dos dentes como madeiras apropriadas para esta finalidade, fornecer banheira com carbonato de cálcio para banhos periódicos uma vez por semana no caso dos porquinhos da índia, chinchilas e outros animais de pêlos longos. Porquinhos da Índia de pêlo longo necessitam de mais banhos ocasionais do que os de pêlo curto.

Um xampu formulado especialmente para gatos irá prevenir o ressecamento da pele. O fundo da gaiola deve estar coberto com maravalha ou substratos minerais, Jornais, evitando sempre areia de gato.

A gaiola deve ficar em um ambiente tranquilo, longe de estresse, longe de correntes de ar, fora da luz direta do sol, em uma temperatura estável. É importante lembrar que não tem vacina para estes animais, portanto a limpeza do ambiente é super importante. Porém, é de estrema importância vermifugação, que no caso será administrado na água de beber ou diretamente via oral, podendo até ser tópica a administração.

Um fato curioso em relação aos roedores e coelhos é a respeito de que no estado selvagem os hamsters têm por hábito armazenar os alimentos nas “bochechas”, assim levou este comportamento para a vida em cativeiro. Lembrando que nunca deverá ser incluída na mistura de sementes, aveia com casca ou qualquer outra semente que machuque a mucosa oral. Coelhos e alguns roedores praticam a cecotrofagia.

A cecotrofagia consiste no consumo de cecotrofos ou “night pellets”, fezes moles e úmidas que são ingeridas a partir do ânus durante a noite e madrugada. Os cecotrofos contêm duas vezes mais proteína e metade da fibra bruta das fezes normais. Constituem um suplemento protéico, de vitaminas do complexo B e de água. Embora os coelhos anões pratiquem a cecotrofagia em maior extensão, todos os roedores de companhia também ingerem cecotrofos, os gerbil em menor extensão. Com isso, a importância de alimentos ricos em proteínas e fibras.
Em caso de dúvida de como alimentar o animal ou qualquer outra dúvida a respeito consulte sempre o médico veterinário especializado em roedores e evite o uso indevido da internet.

M. V. Pedro Henrique Arosteguy de Carvalho e Siqueira CRMV – DF 1475

Medicina de Animais Silvestres e Exóticos

Site: .pointanimaldf.com.br

Email: pedrohacs@hotmail.com

Co-autor: Keila Rita de Almeida
Estagiária – Point Animal
Graduando em Medicina Veterinária

Serviços:
Consultório Médico Veterinário
Point Animal

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